Quando participei nos primeiros workshop's fiquei fascinada pela técnica de feltragem e com tudo o que se poderia criar com a lã de merino (e não só) com as agulhas especiais.
Fui pesquisando na internet, em livros que comprei e falando com pessoas mais ligadas ao tema das lãs e ovelhas. Tenho aprendido coisas que nunca imaginei que fossem como realmente são. E muito ainda há para aprender...
Sobre a feltragem em si, já tentei mostrar aquilo que fui aprendendo, neste post.
Hoje venho tentar explicar um pouco do que tenho aprendido sobre a lã, em especial a de merino e das espécies de ovelhas que produzem a lã que gosto de utilizar na feltragem, tentanto deixar sempre os créditos para a origem da pesquisa.
No site Tudo sobre a Lã, encontrei muitas explicações e utilidades, aqui ficam as que destaquei:
1. A lã é uma fibra natural animal que é
retirada da pelagem de animais, como ovelhas, lamas, alpacas, cabras,
carneiros, entre outras.
2. A lã é uma das mais antigas fibras
naturais animais, a sua utilização surgiu na Idade da Pedra com o Homem, pois
este alimentava-se da carne de carneiro e posteriormente começou a utilizar a
lã do carneiro como proteção contra o frio. Na antiguidade os tecidos de lã
foram utilizados pela maioria dos povos
3. Lã de Merino: surgiu
a partir do cruzamento de um carneiro local de Espanha com o carneiro romano,
em 700 d.C., que acabou resultando num grande progresso relacionado à criação
de carneiros. Actualmente esta
raça de carneiro é encontrada na Espanha, França, Austrália e também no Brasil,
porém a quantidade dela aqui é escassa. Esta lã é considerada de maior
qualidade pelo facto de ser muito quente e macia em relação à cashmere, seu velo é
denso e suave ao tacto, de coloração branca e com uma lã muito uniforme em
espessura e comprimento.
Tudo sobre a lã |
A lã merino é uma excelente reguladora
de temperatura corporal, sendo extremamente macia devido a suas fibras finas e com escamas
diminutas, fazendo com que seja apropriada para o contacto directo com a pele, e
muito apreciada pela sua suavidade e ser hipoalergénica; possui a lanolina,
que a torna naturalmente antibacteriana; é capaz de absorver cerca de 1/3 de
seu peso em água, o que a torna confortável, e alem disso, não se torna fria
quando molhada; e tem uma aparência e brilho agradáveis, além de ser
naturalmente branca e portanto facilmente tingível.
No site ANCORME, podemos encontrar imensas informações sobre as várias raças de ovelhas merinas. Daqui retirei esta informação:
O Merino Branco é produtor de lã fina, muito frisada, sugosa e de toque
suave, o que lhe confere o primeiro lugar entre as lãs nacionais.
Embora a desvalorização da lã relativamente a outros produtos do ovino,
prevalece o interesse pelo seu melhoramento. Os Merinos Brancos caracterizam-se pela grande extensão do seu velo e
pela boa qualidade da sua lã, assemelhando-se aos espanhóis, com os
quais têm grande afinidade.
Compreendem cerca de metade do efectivo ovino nacional, revelando algumas variantes em função das influências exercidas pelo meio ou da orientação selectiva que os criadores lhe exprimiram. O Merino Branco é um animal de tamanho médio.
Compreendem cerca de metade do efectivo ovino nacional, revelando algumas variantes em função das influências exercidas pelo meio ou da orientação selectiva que os criadores lhe exprimiram. O Merino Branco é um animal de tamanho médio.
O Merino Preto tem uma menor corpulência, possivelmente pelo facto de
não ter sofrido a influência de outros tipos mais pesados, como sucedeu
com o Merino Branco, e ainda pelo facto de ter sido mantido
em zonas menos favorecidas, sendo um animal de tamanho médio.
Site ANCORME |
Na foto seguinte podem ver a lã de merino, penteada, em mecha. Muitas pessoas quando tocam na lã pensam que é algodão, pelo seu toque suave e macio.
Agora sobre os caracóis...
Eu gosto muito do efeito da lã encaracolada, quer seja para utilizar no cabelo e barba dos Santos Populares ou do S.José dos presépios, como para fazer cabelos de fadas originais e diferentes. Porque nem todas as fadas têm o cabelo liso e louro... e mais uma vez, a imaginação é o limite.
Já comprei lã em vários sites e em lojas físicas (e também à Barbara Faber, como vos disse AQUI).
Só há pouco tempo, e também com a ajuda da Barbara, percebi que a lã encaracolada não se trabalha para que fique com este efeito. Embora eu já tentado fazer em casa, uma pseudo tentativa de feltragem para encaracolar a lã em mecha... e olhem que consegui algum do efeito que queria, mas depois de horas de tentativas, enrolando a mecha em canas muito finas, molhando com água e sabão e deixando secar a lã enrolada. Não ficou perfeita como a natural mas também não a deitei fora.
A lã vem assim das ovelhas e não é penteada como a restante. Depois o que difere é essencialmente da raça da ovelha e ainda, do tingimento, da secagem e de todo o processo artesanal (que um dia ainda vou conhecer de perto, porque tenho mesmo muita curiosidade).
Se a lã em mecha penteada já não é barata, a lã encaracolada (boa) é muito, muito cara. Não é preciso uma grande quantidade de lã encaracolada para fazer um cabelo de fada, mas o preço por Kilo ronda os 120€ ou mais, enquanto a lã de merino em mecha pode variar de 30 a 70€ (dependendo de alguns factores).
Agora a minha tentativa é explicar o (pouco) que sei e pesquisei sobre as raças da ovelhas e os tipo de "caracóis". Esta parte é importante porque irá depender do efeito que pretendemos. Acreditem que existem muitos tipos de "curly locks" ou "wool locks" e, na minha opinião e para os meus trabalhos, há alguns tipos que não valem o investimento.
Os tipos de lã encaracolada que mais gosto são a Leicester e, acima de tudo, a Wensleydale.
1. Leicester
Esta é a imagem da ovelha de raça Border Leicester, que tirei do site da Wikipédia, neste link.
Esta é a imagem da ovelha de raça Border Leicester, que tirei do site da Wikipédia, neste link.
Pelo
site ASPACO, podemos saber que a ovelha
Leicester tem a lã longa e é de origem inglesa. Teve uma grande importância no
melhoramento e desenvolvimento de outras raças de lã comprida.
Do site ASPACO
|
No
site the
fiber of my being,
também consegui aprender algumas coisas e estas imagens são retiradas de lá, deste
link.
Aspecto da lã de Leicester, do site art fire (imagem retirada deste link, onde também se vende, via EUA).
|
Esta lã
faz caracóis que podem ser mais fechados ou ondulados conforme a parte da
mecha, alguns são indefinidos.
2. Wensleydale
Para
mim, esta é a melhor lã para colocar em cabelos de fadas, mas é apenas um gosto
pessoal, porque também já vi trabalhos bonitos com outros tipos.
No site all the pretty fibers, de onde retirei as imagens seguintes, também podemos encontrar algumas lãs deste tipo (e de outros) para compra.
No site da namaste farms também encontrei algumas informações sobre esta raça e outras, com óptimas exmplos desta lã, para ilustrar. Vejam tudo AQUI.
Alguns dos sites que vendem estas lãs nos EUA apenas enviam para endereços nacionais, ou seja, não enviam para Portugal. Ou quando enviam os portes ficam quase incomportáveis, por isso tenham atenção a esses pormenores.
Mas já existem algumas lojas online no site Etsy, que vendem na Europa, com portes mais "simpáticos". É só uma questão de pesquisar e investir.
Como já devem ter percebido, todo o processo de tosquia das ovelhas, do tingimento e todos os restantes métodos, é bastante artesanal e moroso, por isso os preços altos na compra da lã.
Num futuro post tentarei falar dos processos de tingimento.
Mas um pormenor que adorei ver, quando visitei a Barbara Faber na Artesanaus no Porto, foi o catálogo de cores para tingimento das lãs. É quase impossível pedir-lhe cores iguais às que já lhe comprei, percebe-se bem porquê. Neste catálogo, ela apresenta as cores com os produtos naturais que utiliza para tingir: plantas, ervas, flores, etc. Gostei mesmo... os vários tons de azul, os beges e verdes (do mais vivo ao mais seco).
Não estranhem também se encontrarem palhas, restos de folhas secas e outras pequenas "sujidades" naturais... porque é mesmo muito comum. O trabalho também está em separar bem as pequenas fibras encaracoladas sem as desfazer, tirar aquilo que não pertence à lã e colocá-la, picando com a agulha de feltrar.
Embora eu (ainda) não utilize este tipo de lã para a feltragem com água e sabão, sei que se utiliza muito para a técnica de Nuno Felting. A lã encaracolada, por ser igualmente 100% lã de ovelha, interliga-se muito bem com os vários tipos de seda, com gase e ainda com outros texteis e por isso, permite produzir trabalhos lindos.
Ainda hei-de comprar à Barbara um dos mini vestidos que ela faz, todos em feltro artesanal, para menina... parece que acabaram de sair do mundo encantado das fadas :)
Espero ter ajudado a tirar algumas dúvidas sobre esta lã, até porque já me tinham enviado alguns emails com perguntas sobre os caracóis das fadas.
Bons trabalhos!
Com a partilha de informações todos saímos a ganhar...
No site all the pretty fibers, de onde retirei as imagens seguintes, também podemos encontrar algumas lãs deste tipo (e de outros) para compra.
No site da namaste farms também encontrei algumas informações sobre esta raça e outras, com óptimas exmplos desta lã, para ilustrar. Vejam tudo AQUI.
Imagens DAQUI |
Alguns dos sites que vendem estas lãs nos EUA apenas enviam para endereços nacionais, ou seja, não enviam para Portugal. Ou quando enviam os portes ficam quase incomportáveis, por isso tenham atenção a esses pormenores.
Mas já existem algumas lojas online no site Etsy, que vendem na Europa, com portes mais "simpáticos". É só uma questão de pesquisar e investir.
Como já devem ter percebido, todo o processo de tosquia das ovelhas, do tingimento e todos os restantes métodos, é bastante artesanal e moroso, por isso os preços altos na compra da lã.
Num futuro post tentarei falar dos processos de tingimento.
Mas um pormenor que adorei ver, quando visitei a Barbara Faber na Artesanaus no Porto, foi o catálogo de cores para tingimento das lãs. É quase impossível pedir-lhe cores iguais às que já lhe comprei, percebe-se bem porquê. Neste catálogo, ela apresenta as cores com os produtos naturais que utiliza para tingir: plantas, ervas, flores, etc. Gostei mesmo... os vários tons de azul, os beges e verdes (do mais vivo ao mais seco).
Não estranhem também se encontrarem palhas, restos de folhas secas e outras pequenas "sujidades" naturais... porque é mesmo muito comum. O trabalho também está em separar bem as pequenas fibras encaracoladas sem as desfazer, tirar aquilo que não pertence à lã e colocá-la, picando com a agulha de feltrar.
Embora eu (ainda) não utilize este tipo de lã para a feltragem com água e sabão, sei que se utiliza muito para a técnica de Nuno Felting. A lã encaracolada, por ser igualmente 100% lã de ovelha, interliga-se muito bem com os vários tipos de seda, com gase e ainda com outros texteis e por isso, permite produzir trabalhos lindos.
Ainda hei-de comprar à Barbara um dos mini vestidos que ela faz, todos em feltro artesanal, para menina... parece que acabaram de sair do mundo encantado das fadas :)
Espero ter ajudado a tirar algumas dúvidas sobre esta lã, até porque já me tinham enviado alguns emails com perguntas sobre os caracóis das fadas.
Bons trabalhos!
Com a partilha de informações todos saímos a ganhar...
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